Gosto de escrever contos aqui no Blog mas dentro de mim ainda tenho a sensação de não ter um trabalho completo, da grandiosa natureza de um livro. Sendo assim, estou me arriscando e colocando as mãos à obra. Definitivamente vou escrever um livro! O título será O Pássaro Solitário, será narrado em primeira pessoa (os livros que mais me emocionaram foram escritos em primeira pessoa e me identifico com este estilo) e terá minha eterna cobrança pessoal de expressar toda profundidade que eu sinto em mim, pois somente assim estarei verdadeiramente satisfeito e com mais um ciclo devidamente encerrado em minha vida.
Já tenho a história em mente mas ainda não sei bem como expressá-la. Bom, é um longo projeto, espero seguir em frente e um dia poder publicar de forma emocionada aqui no Blog o anúncio da conclusão da história. Abaixo um pequeno trecho já escrito, que faço questão de colocar aqui como veículo de motivação pessoal para que eu jamais desista! Agradeço honrosamente à todos os que desprenderam um tempo para ler este texto.
Obrigado com amor!
Daniel Vitório.
Pássaro solitário
"... As condições de um pássaro solitário são cinco:
1º que ele voe ao ponto mais alto;
2º que não anseie por companhia nem a da sua própria espécie;
3º que dirija o seu bico para os céus;
4º que não tenha cor definida;
5º que tenha um canto muito suave ..."
[San Juan de la Cruz]
Ascendi uma fogueira da maneira mais tradicional que me lembrava, juntando alguns gravetos finos e amarelados, formando um tufo suficiente bom para encher minha mão com a palha seca, com meus dedos abraçando fortemente a matéria orgânica.
Fiz uma cabaninha de madeira mais grossa em volta da palha, coloquei os gravetos finos no meio e ascendi a madeira fina com meu isqueiro de metal. Aliás, particularmente eu AMO o barulho metálico e aguçante que a tampa deste meu isqueiro faz quando se abre, e sempre comigo este som usando apenas uma de minhas mãos. Uma situação clássica, exceto pelo fato de que não fumo.
O fogo começou a pegar rápido, os primeiros estalos fizeram uma serenata ao meu ouvido e o aroma da matéria orgânica em combustão era espetacularmente natural, límpido e embriagante ao meu espírito que cada vez mais buscava o estado primitivo de todas as coisas.
Quando o fogo ficou mais forte, pude me sentar de uma maneira mais relaxada e contemplar este momento incrível, de beleza natural incomparável. Notei como as pequenas fagulhas dançavam e disparavam chamas como se fossem pequeninos insetos vermelhos que saíam em línguas do topo alaranjado do fogo, da maneira como a madeira era consumida com toda a força do calor, do poder incomparável de uma expressão pura e selvagem da natureza, onde sua energia sempre será desejada durante toda a história da humanidade, do começo ao fim.
Ora, se realmente são verdadeiros os contos que remontam à uma época onde os macacos se encantavam com o poder que o homem possui de controlar o fogo, eu realmente consigo perceber o motivo do encantamento destes macacos. Hoje o homem tranquilamente domina estes pequenos fragmentos de natureza. Fazer um fogo é algo simples, mas contemplá-lo em toda a sua magnitude é algo muito mais complexo e que exige um tempo de dedicação e observação. O progresso humano exterminou a contemplação do homem às maravilhas das pequenas coisas da natureza.
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