segunda-feira, 8 de junho de 2020

2020



Eis que meu tardio regresso me trouxe de volta ao meu antigo Blog de idéias!
Sim, a vontade que partiu de meu coração foi para reativá-lo com um outro nome. Não mais será o Extraordinário é Demais!, cujo título encantava-me por conta da permanência no mundo do minimalismo das idéias, mas que ficou obsoleto. Talvez por eu ter encontrado a fórmula do Extraordinário encantador para a vida, sem demasia nas composições das experiências.
Este Blog passa a ser batizado por Linhas Simples, no regresso das materializações das idéias espontâneas que habitam em meu ser, nas mais novas experiências de vida que pulsam violentamente para o externo, no imenso anseio da materialização de cada palavra. No entanto simples, como deve ser e como sempre será.
Desejo a plenitude de conseguir transferir em palavras tudo aquilo que pulsa em meu interior, de modo a conseguir satisfazer o meu ser com cada texto transcrito aqui, em linhas simples.
O retorno à verdadeira natureza é necessário, para o ser e o espírito de cada um!
 
Se uma planta não consegue viver de acordo com sua natureza, ela morre, assim também um homem. - H.D Thoreau.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A Morte e a Pureza

"Texto escrito em Abril/2015 em meu caderno de ideias"

A morte é eminente e inevitável
Quando pensamos que podemos morrer a qualquer momento
Que hoje pode ser o último dia de existência
Damos um significado maior à nossa vida
E vivemos sem medo de errar
E o que sobra de tudo isso é apenas a parte pura e verdadeira.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Conto - Mentiras Complacentes


Acordei pela manhã dizendo “Olá Mundo, hoje teremos um dia diferente e melhor que ontem!”, mas novamente estava enganado, tentando subjulgar minha mente racional, empurrando goela abaixo o auto-convencimento de que sempre está tudo bem (e deve estar tudo bem) e que vamos todos sorrir ao final!

O magistral ensinamento que propus encontrava-se impresso em uma versão muito deplorável de um livro de auto-ajuda comprado em uma caríssima livraria no Aeroporto do Galeão no Rio.

Não é assim, a vida é muito complexa para que tenhamos ensinamentos de alguém que se sente feliz e realizado porque seguiu alguma receita mágica e que diz que tais ensinamentos melhoram nossa vida, capaz de mudar tudo em um passe de mágica se seguido todos os passos corretamente e à risca, professado em letras como uma receita de bolo. Quantos escritores de auto-ajuda são perfeitos, verdadeiras encarnações de Jesus-Cristo, Buda, Alá, e qualquer homem perfeito e que têm muito a ensinar e vender livros para as pessoas desesperadas por um conforto psíquico? Destino de meu livro: Calço para minha mesa bamba no chão.

Liguei para Alfredo, não aguentava mais ficar sozinho neste buraco que é meu apartamento. Todos os dias o meu lar seria o melhor lugar do mundo mas, especificamente hoje, meu lar me sufocava ao invés de me acalentar.
Alfredo seria uma ótima companhia. Ele tinha um jeitão louco, um líder que sempre ganhava as conversas e persuadia quem quer que fosse, com um jeitão bem humorado, de experiências de vida e histórias malucas.

- Alf? E aeeeee, como é que você está?... Ah, legal, bom, o que acha de sairmos pra beber alguma coisa e conversar um pouco?

Em quarenta minutos Alfredo estava lá embaixo esperado com seu Uno Mille vermelho 1997, e como sempre vinha com um som no último volume, acompanhando seu eterno gosto por Rock Setentista. Entrei no carro, não ouvia a voz dele enquanto me batia no ombro e me cumprimentava. Era Mick Jagger a todo o vapor cantando Brown Sugar. O estado do carro por dentro era lastimável. Pisei em alguma coisa gosmenta e pegajosa, em meio a pacotes de maços de cigarros amassados, papéis de pão, propaganda e tudo quanto é porcaria. O carro de Alf era algo como uma lata de lixo velha, mas bem conservada por fora e superlotada de lixo por dentro e eu já estava me sentindo como parte de todo este lixo, sendo eu mesmo também um lixo.

Um cheiro forte de cigarro exalava de Alf como se ele tivesse fumado o maço inteiro de uma só vez. Usava uma jaqueta Jeans surrada que parecia deixá-lo ainda mais magro do que era. Sorrido e me apertando no ombro, ele abaixou um pouco o som e se virou para mim, agitado como de costume.
- Fião, tava só esperando tu me ligar pra esfriar a merda da minha cabeça!  Pela madrugada cara, só briga na porra da minha casa. Você acredita que a Manuela teve a pachorra de me dizer? Que eu sou imaturo e infantil como um adolescente de quinze anos!

- Sério Alf? Você não falou que é só o corpinho que parece ter quinze anos?

- Bandido filha-da-puta que você é!

E rimos... verdadeiramente não importava o quão catastrófico fosse o assunto, sempre tirávamos um grande e inevitável sarro da situação porque no fim era isso mesmo, um jeito de se manter sóbrio e com a sanidade mental controlada frente aos problemas da vida.

- Alf, vamos naquele buteco lá de esquina com a Treze, parece que vai tocar uma bandinha cover de Led Zeppelin, vamos curtir! – Disse todo empolgado e querendo dar uma virada no sentimento de Alf, muito embora ele nunca transparecesse que estava mentalmente mal.

- Cara, vamos sim, tá foda, vou até desligar o celular pra Manuela não me encher a paciência!
E assim fomos... Um bar sombrio, com muita fumaça densa de cigarros há muitas horas fumados e que somente continuavam a se acumular no ar, com um som abafado e mesas grudentas. Para nós era extremamente aconchegante, receptivo, confortável...

Sentamos no balcão mesmo, até então vazio e pedimos uma dose de whisky barato. Alf deu uma pequena golada e virou-se para mim com um semblante pesado e cansado, sua voz arrastada:

- Sabe, hoje eu não vou disfarçar nada pra você, a coisa tá ruim mesmo, pareço sempre estar animado e descontraído mas... a vida tem me consumido de tal forma que não sei mais o que fazer para melhorar...

Fiquei meio impressionado. Alf nunca havia estado tão para baixo, normalmente ele era uma pessoa de personalidade despojada, alguém que influencia aos demais e se mantém na liderança dos assuntos, alguém que sempre está disposto a dar seus conselhos, mesmo que sejam os mais loucos e inesperados. Desta vez senti que era ele quem precisava de bons conselhos.

- Algo com Manuela? – Perguntei sem olhar em seus olhos.

- Não é só com ela... é com tudo. Trabalho em uma merda de lugar, doze horas por dia, todos os dias!
Tem noção do que é ter apenas os domingos para sobreviver? Mas domingão é dia de ralar em casa! Minha filha está dando trabalho na escola e Manuela acorda reclamando da vida e vai dormir ainda reclamando, como se tudo fosse uma grande merda que eu sou o principal responsável por enfiar nela toda a desgraça que acontece na vida. Não tenho grana para pagar este whisky, estou devendo até pro meu chefe, não posso nem mesmo vender meu carro porque está com toda a porra de documentação atrasada! O que me diz amigo? O que me diz?

Alf suava como um velho nervoso e estava verdadeiramente aborrecido. Eu não sabia o que poderia dizer a ele. Tentei parecer animador, consolador... eu estava desanimado na maioria de meus dias fúteis mas hoje eu precisava ajudar Alf, pois sua fortaleza e seu jeito auto-suficiente que sempre me dava conselhos tinha caído por terra.

-Alf, sei lá, não dá pra tentar alguma coisa? Fazer algo diferente? Dar uma viajada, espraiar um pouco...

- Claro... isso seria algo como um remédio paliativo, não apagaria tudo definitivamente.

- Não é o caso de dar um tempo com Manuela e viver sozinho?

- Tenho uma filha que precisa de mim e não vou deixa Manuela sozinha pra depois ser o vilão, entende?

- Mas será que não está na hora de pensar em você Alf?

- Será que você não ENTENDE? – Alf deu um soco na mesa do balcão e deixou o copo cair acidentalmente. Senti-me inútil e surpreso com a reação dele. Todo o movimento parou ao redor e fixei meus olhos nos olhos dele, que se encheram d´água. Jamais imaginaria vê-lo desta maneira, nem passava pela minha cabeça o desespero contínuo que havia sofrido e que eu nunca havia percebido.

Devia fazer muito tempo que ele sentia-se assim, devia estar guardando tudo isso dentro de si até o momento de agora, onde foi exposta uma situação emocional bem delicada e Alfredo estava somente esperando uma oportunidade para  gritar a plenos pulmões um pedido de socorro!

- Desculpe meu amigo – Disse Alfredo com uma expressão verdadeiramente triste. - Há ainda mais para lhe contar e falta-me coragem de me abrir. Vou tomar um ar...

E saiu em direção a porta. Fiquei olhando para Alfredo sem dizer uma só palavra, sem lhe puxar de volta para conversarmos. Talvez por sentir que ele realmente precisava tomar um ar, fumar um cigarro e respirar fundo antes de iniciar seu longo desabafo. Posteriormente arrependi-me por toda minha vida por deixá-lo sair pela porta do bar.

A sequência de acontecimentos foi algo muito rápido, como um piscar de olhos. A banda iniciou os primeiros acordes de um clássico de Led Zeppelin. Quando dei uma golada em meu whisky escutei um alvoroço das pessoas que estavam do lado de fora do bar. Muitos começaram a sair, alguns gritos abafados eram ouvidos. Algo havia acontecido. Esse algo era com meu amigo Alfredo.

Compareceram muitas pessoas em seu velório. Muitos amigos influenciados por Alfredo. Seu grande e louco líder havia partido. Seus velhos pais, sua esposa Manuela e sua filhinha, choravam desconsoladamente. Era possível sentir o amor de todas estas pessoas por ele, inclusive o meu amor, um amor de amigo, verdadeiro e de compaixão.

Ele não sabia o quanto era amado, apesar de todos os seus defeitos. Não imaginava o quanto faria falta para sua família e amigos. Quantos jargões, ensinamentos e lições de vida ele deixou.  Ele não podia ver pelo ângulo de sua importância, estava preso por uma armadura de proteção de sentimentos, sempre inabalável e que, quando esta barreira rompeu-se, toda a delusão veio à tona, tudo o que precisava ser desabafado veio de uma vez e ele enlouqueceu.

Alfredo jamais poderia imaginar que seria acolhido e que teria alternativas neste mundo. Por uma fração de segundos ele esqueceu-se de toda a sua vida quando, segundo testemunhas, voluntariamente pulou na frente de um caminhão de cimento em alta velocidade pela avenida, que o matou instantaneamente.

Particularmente não gosto desta versão. Prefiro pensar que seus sentimentos o traíram e que houve algum erro mental, alguma confusão que o levou para um lugar onde ele não deveria estar. Ele poderia ter infartado ou ter desmaiado. Que diferença faria? Daria no mesmo, pois a causa da morte na verdade foi a sua angústia. Porque afinal, muitas pessoas dizem que são isso ou aquilo, sintetizam supostas verdades e receitas de sucesso, criticam aqueles que supostamente estão fazendo algo de errado com suas vidas. Como meu livro que está calçando minha mesa! Como Alf e seu louco jeito de líder inabalável.

Mas o que estas pessoas são na realidade? O que está escondido no mais profundo de seu ser? O que verdadeiramente se passa em suas mentes? Muitas verdades quando reveladas podem ser surpreendentes. Muitas mentiras também.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Amigo Tom


- Eu tenho tanto a lhe contar amigo Tom...
- Fale-me amigo, não há melhor momento do que este!
- Estamos aqui, você e eu, sentados nesta praia com o pôr do sol estampado em nossas faces, em meio ao som da maré indo e vindo, um aroma salgado... tudo isso me inspira de uma forma descomunal!
- Que pensas?
- Amigo Tom... quantas pessoas que você conhece que têm a oportunidade única e incrível de estar aqui sentado sem estar necessariamente fazendo alguma coisa, mas apreciando e somente apreciando? Tenho aqui em minha frente o cenário, um grande amigo ao meu lado, um pouco de água pra beber... sei lá, pelo menos para agora não preciso de mais nada, concorda? Veja, muitas pessoas não têm nem mesmo a chance de vir à praia!
- Mas quando elas podem vir parecem não aproveitar direito...
- Elas não percebem e nem se apegam aos detalhes! Amigo Tom, meu velho... penso em todo o stress das famílias na praia por coisas tão tolas quanto uma lata de cerveja... nós somos muito infantis e ainda assim se fôssemos verdadeiramente crianças seríamos um infantil-bom porque aproveitaríamos cada mísero grão de areia caindo em cima da gente, rolaríamos na areia molhada e criaríamos castelos. brincaríamos de... qualquer coisa, me entende?
- Faça um castelo de areia!
- Falta meu baldinho e pazinhas! Mas na verdade poderia fazer com minhas mãos nuas, concorda? Então posso dizer com toda a certeza a ti que não me falta nada para fazer um castelo de areia...
- Tens razão...
- Outra coisa que penso: e quando a integridade física de uma pessoa impossibilita este incrível viver? Porque motivo a vida é tão boa com uns e tão cruel com outras?
- É meio triste...
- Sim, e sabe por que? Porque tudo nesta vida é sofrimento! Todos buscam a felicidade, e para isso precisam que cesse todo o sofrimento. É um lance budista amigo Tom. Tá vendo o barco lá na ponta? Que pensam os que estão ali dentro? Estão vivendo somente o navegar neste incrível mar azul, em meio a um vasto oceano de nosso incrível planeta ou estão envolvidos em alguma tarefa ali sem perceber onde verdadeiramente estão, fazendo-se cumprir um objetivo qualquer?
- E o que são os objetivos não é mesmo?
- EXATO amigo Tom! E por que tantos objetivos? Para nos afastar cada vez mais dos sofrimentos! Navego para pescar, trabalho para comer, para não sofrer de fome, de opressão, para cuidar de meus filhos... compro para me saciar, para não sofrer a desigualdade de não me enquadrar na sociedade. Caso-me com uma moça...para não sofrer estando só. Percebe?
- Jamais pensaria por este lado...
- É por isso que és valioso, tu amigo! Porque refleti hoje e posso lhe compartilhar tais coisas... Nossa amizade é eterna amigo Tom!
- Você é valioso pra mim também amigo...
- Somos um pedaço da existência de qualquer coisa, estamos na condição de pertencentes ao meio e ao universo desde tempos muito, muito remotos! E estamos aqui agora. Sabe amigo Tom, eu realmente não soube aproveitar o amor de minha família, de meus dias nos lugares onde estive, de minha poderosa condição humana de compaixão... e agora este vento bate em meu velho rosto cansado e sinto que poderia ter sentido mais disso. Mas quer saber? Estou vivendo este pedaço de momento único e incomparável. Um pequeno pedaço de vida vivida...
- Só não sabemos até quando viveremos...
-  Amigo Tom, quando pisarmos na borda do mar, ali onde a maré se acalma e acalanta a terra, iremos perceber que esta questão não mais importará... porque os momentos estão sendo vividos e acredito que somente percebendo as coisas desta maneira estaremos bem mesmo quando chegar a nossa hora.
- Então vamos viver! Vamos logo pisar na água do mar... haha
- Vamos amigo!

sábado, 5 de julho de 2014

Terra à Vista (O Velho Homem do Mar)

"Este texto eu escrevi à mão em meu caderno de pensamentos. Particularmente eu não gostei tanto quando o reli agora, a história na mente era muito melhor e fantástica para mim do que eu consegui transcrever. Mesmo assim vou postar aqui o texto original da íntegra.
A inspiração veio de uma música de 1965 do Roberto Carlos, chamada O Velho Homem do Mar, que meu pai cantava pra eu dormir quando eu era pequeno. Mas a verdade é que esta música verdadeiramente me assustava e me fazia imaginar histórias." Daniel Vitório.

O pequeno homem navegava no mar havia tanto tempo que ele nem se lembrava mais quando zarpou.
Estava sóbrio, plenamente consciente de que encontraria um pedaço de terra para ancorar seu pequeno barco e encontrar um pedaço de mundo que pudesse chamar de seu.

Partiu de seu continente sem destino, um louco aventureiro com experiência de pescador simples e que já nem mais fazia ideia de que dia era. Há quanto tempo estava no mar? Não sabia, perdeu a noção dos dias e logo após perdeu a direção de sua direção.

Ele mudou de nome: Agora chamava-se O Marinheiro, nada de espetacular. Levou consigo duas garrafas de vinho, ambas foram consumidas dilaceralmente em dois dias. Também levou pães que também se esgotaram em três ou quatro dias.

Mas ainda assim, o pequeno homem era um pescador, um legítimo pescador. E então passou a comer peixe e somente peixe durante muitas luas. Sua pesca era farta e sua fome era praticamente inexistente. Seu verdadeiro problema era a água. Não chovia já fazia tempo e o estoque que trouxe de água estava praticamente no fim. E o mais interessante de tudo é que não sentia-se arrependido, não havia a menor fração de desistência em qualquer materialização vaga em sua mente. Sentia-se feliz, mesmo que morresse no mar. Não enfrentou uma tempestade sequer.

O sol escaldante e o ar salgado eram seus companheiros. E durante muitos dias foi assim... Não sabia por quantos dias, mesmo porque passava dormindo praticamente o tempo todo. Uma rede de fios artesanais era o que tinha para se proteger. Estava agora fraco, não haviam muitas forças para continuar pescando. Faltava água, estava morto de sede e de fome e tudo o que podia fazer era dormir e, de uma forma incrível, sorrir!

Certo dia, quando já não sabia há quanto tempo dormira, esticou seu pescoço para fora do barco e testemunhou o que havia a seu redor. Um pequeno pedaço de terra despontando no horizonte, algo pequeno, provavelmente uma ilhota, um gomo de terra fora d´água, o término de sua viagem, o fim da linha, seu objetivo.

O mar ajudou a empurrar o barco para a terra, até que o pequeno barco atracou na areia, águas rasas, travando o barco de forma a convidar o viajante à descer e desfrutar de sua terra mágica. O pequeno homem então reuniu todas as suas forças, seus suspiros finais de vida para descer do barco e pisar em terra firme. Os dedos de seus pés sentiram a textura grossa da areia, misturada com a água quente e rasa que banhava a superfície de sua descoberta.

Mas já haviam descoberto seu paraíso antes. Olhou para o horizonte e viu pessoas correndo em sua direção. Eram pelo menos dez, não tinha certeza.

O pequeno homem chorou.

E o mar parece que se empatizou de seu pranto pois tornou a carregar seu pequeno barco, desta vez em sentido contrário, de volta ao mar. E o Velho Homem do Mar teve forças para entrar novamente no barco e se deixar levar pela maré.

E assim ele foi, feliz e certo de que finalmente encontrou seu verdadeiro lar.

Roberto Carlos - O Velho Homem do Mar - Youtube



Preste muita atenção para a história que agora eu vou contar
Ouçam bem esta canção
A canção do homem que viveu no mar, no mar
De manhã já bem cedinho
Ia com seu barco para o alto mar
Com a noite ele chegava sem ninguém sequer saber por onde andou, no mar
Não falava com ninguém
Quieto ele estava sempre a pensar
Todos dizem que talvez procurasse alguém
Que ele perdeu no mar, no mar
Mas um dia de manhã
O velho todos viram no seu barco entrar
Mas seu barco não voltou
Todos se juntaram para olhar o mar, o mar
Desse dia em diante
Em lugar algum ele apareceu
Procuraram sem cessar
Mas o velho todos acham que morreu no mar
Há quem diga ainda mais
que por muitos anos muita gente viu
Certo barco a vagar
Na escuridão do solitário mar.
No mar, no mar, no mar...

sábado, 15 de março de 2014

O Pássaro Solitário

Faz muito, muito tempo que tenho o desejo em meu coração de escrever um livro. Sempre li muito, desde pequeno (o primeiro livro que eu li foi Caçadas de Pedrinho de Monteiro Lobato =)), mas talvez por não me sentir apto a escrever uma história, seja por não encontrar as palavras certas no momento certo, ou da história parecer um pouco "juvenil", eu nunca me arrisquei ou tive a coragem de começar este tipo de projeto, muito embora imaginação e idéias não faltem. 

Gosto de escrever contos aqui no Blog mas dentro de mim ainda tenho a sensação de não ter um trabalho completo, da  grandiosa natureza de um livro. Sendo assim, estou me arriscando e colocando as mãos à obra. Definitivamente vou escrever um livro! O título será O Pássaro Solitário, será narrado em primeira pessoa (os livros que mais me emocionaram foram escritos em primeira pessoa e me identifico com este estilo) e terá minha eterna cobrança pessoal de expressar toda profundidade que eu sinto em mim, pois somente assim estarei verdadeiramente satisfeito e com mais um ciclo devidamente encerrado em minha vida. 

Já tenho a história em mente mas ainda não sei bem como expressá-la. Bom, é um longo projeto, espero seguir em frente e um dia poder publicar de forma emocionada aqui no Blog o anúncio da conclusão da história. Abaixo um pequeno trecho já escrito, que faço questão de colocar aqui como veículo de motivação pessoal para que eu jamais desista! Agradeço honrosamente à todos os que desprenderam um tempo para ler este texto.
Obrigado com amor!
Daniel Vitório.

Pássaro solitário

"... As condições de um pássaro solitário são cinco:

1º que ele voe ao ponto mais alto;
2º que não anseie por companhia nem a da sua própria espécie;
3º que dirija o seu bico para os céus;
4º que não tenha cor definida;
5º que tenha um canto muito suave ..."

[San Juan de la Cruz]

Ascendi uma fogueira da maneira mais tradicional que me lembrava, juntando alguns gravetos finos e amarelados, formando um tufo suficiente bom para encher minha mão com a palha seca, com meus dedos abraçando fortemente a matéria orgânica.
Fiz uma cabaninha de madeira mais grossa em volta da palha, coloquei os gravetos finos no meio e ascendi a madeira fina com meu isqueiro de metal. Aliás, particularmente eu AMO o barulho metálico e aguçante que a tampa deste meu isqueiro faz quando se abre, e sempre comigo este som usando apenas uma de minhas mãos. Uma situação clássica, exceto pelo fato de que não fumo.
O fogo começou a pegar rápido, os primeiros estalos fizeram uma serenata ao meu ouvido e o aroma da matéria orgânica em combustão era espetacularmente natural, límpido e embriagante ao meu espírito que cada vez mais buscava o estado primitivo de todas as coisas.
Quando o fogo ficou mais forte, pude me sentar de uma maneira mais relaxada e contemplar este momento incrível, de beleza natural incomparável. Notei como as pequenas fagulhas dançavam e disparavam chamas como se fossem pequeninos insetos vermelhos que saíam em línguas do topo alaranjado do fogo, da maneira como a madeira era consumida com toda a força do calor, do poder incomparável de uma expressão pura e selvagem da natureza, onde sua energia sempre será desejada durante toda a história da humanidade, do começo ao fim.
Ora, se realmente são verdadeiros os contos que remontam à uma época onde os macacos se encantavam com o poder que o homem possui de controlar o fogo, eu realmente consigo perceber o motivo do encantamento destes macacos. Hoje o homem tranquilamente domina estes pequenos fragmentos de natureza. Fazer um fogo é algo simples, mas contemplá-lo em toda a sua magnitude é algo muito mais complexo e que exige um tempo de dedicação e observação. O progresso humano exterminou a contemplação do homem às maravilhas das pequenas coisas da natureza.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Formigas

Texto extraído de meu livro pessoal de pensamentos "All Star"

Estou sentado debaixo de uma árvore
comendo biscoitos integrais
apreciando a serenidade da natureza
o ecossistema e a organização das pequenas formigas
aprendi muito mais aqui hoje
do que em um almoço de negócios
não sou mais a execução
agora eu sou a contemplação
e meu corpo aceita o fato
TERRA, TOCA, ÁGUA, RAIZ, BUDA!
por amor, me deixem viver!
Perceba, perceba o MEIO!
o planejamento de apenas um dia
para te amar ainda mais, ó querida vida!