"My Days were more exciting
when i was penniless"
Poucos são os filmes que conseguem a proeza de nos transmitir uma verdadeira mensagem de impacto, algo que realmente possa marcar a nossa vida de uma maneira boa! Marcar a nossa vida de uma maneira ruim, bom, digamos que isso é mais fácil... =)
Cada um de nós temos uma personalidade, um gosto diferente um do outro e muitas vezes o que me agrada dificilmente irá agradar alguma outra pessoa e vice-versa.
Mas no meu caso, o filme Into The Wild - Na Natureza Selvagem me acertou em cheio, como um raio inesperado, algo que bateu forte em meu coração e em minha mente questionadora!
Sem querer aprofundar muito na sinopse, o filme conta a história de Christopher McCandless, um jovem que, ao se formar com prestígio abandona a tudo e a todos, queima todo seu dinheiro e sai de viagem em direção ao Alasca, seu destino final.
Inspirado por escritores como Henry David Thoreau e Jack London, ele traça seu objetivo: Viver intensamente cada dia de sua vida em meio à Natureza Selvagem, longe da sociedade, longe de tecnologias, desapegando-se completamente de tudo e resgatando a integração do homem primitivo junto à natureza.
Deixando de lado muitos de meus gostos pessoais principalmente com relação à trilha sonora interamente interpretada por Eddie Vedder e pela condução impecável do filme pelo diretor Sean Penn, gostaria de resumir este post aos pontos de profunda reflexão para nosso sentido e maneira de viver.
Coisas Coisas e mais Coisas
Há uma cena no início do filme onde os pais de Chris querem presenteá-lo com um novo carro como reconhecimento de sua formatura, em substituição ao seu velho veículo Datsun que, segundo sua mãe, irá explodir em breve de tão velho e fora de moda!
Obviamente Chris recusa o presente de forma enérgica, dizendo que adora seu carro e que não precisa de um carro mais novo, que as pessoas sempre querem "coisas e mais coisas", nunca estão satisfeitas com o que têm... e ainda questiona os pais se eles sentem vergonha de ter um filho motorista de um Datsun!
Essa cena me chamou muito a atenção pois sei que a maioria dos jovens ADORARIA ganhar um novo carro de seus pais para substituir o seu carro velho. Caso seus pais não possam lhes dar essa "dádiva" de presente então os jovens se contentam em financiar seu novo veículo, felizes por terem um novo, mais moderno, chamativo (e caro) veículo.
A pergunta é: Você precisa MESMO de um carro novo? Seu carro velho não funciona mais? Se juntar o valor de 3 ou 4 parcelas de um carro novo não tem como você mandar arrumar seu velho carro?
Eu mesmo já sofri demais pagando inúmeras parcelas de veículos que eu comprei em minha vida. Hoje penso que mesmo se eu tivesse dinheiro para comprar um carro novo à vista eu preferia usar este dinheiro para viajar com minha família ou qualquer coisa que não representasse meu envolvimento com alguma coisa material altamente depreciativa. Mas sinceramente demorou pra me cair essa minha ficha...
O Evangelho da Sociedade
Este evangelho prega que devemos todos estudar muito para se ter uma profissão que consiga muito dinheiro! E o tudo desta vida é basicamente isso, conseguir dinheiro!
E não adianta, um bom status financeiro chama atenção e parece falsamente compor um caráter de pessoa "mais elevada" na sociedade. E isso é realmente muito triste. Quem já não viu fulaninho dizer "Nossa, o Zé Ciclano se deu bem, tá com apartamento duplex na praia, um carrão... e seu primo coitado, esse tem um casebre de madeira até hoje e seu fuscão lá!".
Quem é que pode dizer que o Zé Ciclano que tem o apartamento na praia e o carrão é mais rico que o que tem um casebre e o fusca? Será que o Zé Ciclano ainda tem muitas parcelas ainda pra pagar de seus bens? Mesmo se não tiver dívidas certamente terá de manter seus bens com impostos, condomínio, taxas, seguros, etc.
Será que o dono do casebre e do fusca já não está com seus bens pagos? Será que ele não vive uma vida mais tranquila por não ter que manter coisas caras e ter que ter um emprego muitas vezes desgastante para conseguir manter tudo isso? Como diz Thoreau: "Um homem é rico em proporção às coisas que ele pode abrir mão".
A Reintegração do Homem à Natureza
Com o avanço da sociedade e das tecnologias, o homem simplesmente perdeu seu vínculo com a natureza, com a simplicidade das coisas naturais que fazem o mundo girar. Claro que há exceções, (isso sempre há) mas pense quantas pessoas você conhece que se senta debaixo de uma árvore no campo e pára meia hora apenas para observar o que se passa? Ou ainda que goste de tomar um banho de rio? Ou que observa as formigas se movimentarem, os pássaros nas árvores ou contempla uma bela tarde que se levanta pós chuva? Se você comparar com uma amostragem de um todo, vai ver que com certeza são poucas as pessoas que ainda observam e interagem com respeito à natureza. É mais fácil encontrar gente à frente de um computador ou televisão do que preguiçosamente curtindo uma fogueira ou conversando devidamente sem pressa ao ar livre.
Você pode todas as coisas, basta querer mudar!
A amizade entre Chris e o Sr. Franz, um senhor solitário que perdeu sua família em um acidente é um ponto alto do filme. Chris desafia Sr.Franz a sair de sua toca, fazer coisas simples que ele nunca fez como escalar a pé uma pequena montanha para olhar a paisagem, algo que tira Sr. Franz de sua zona de conforto.
Sr.Franz: Filho de que diabos está fugindo?
Chris: Eu posso te fazer a mesma pergunta mas já sei a resposta.
Sr. Franz: Sabe é?
Chris: Eu sei Sr. Franz, você precisa voltar para o mundo lá fora! Sair de sua solitária casa! Você vai viver por muito tempo, deveria fazer uma mudança radical em seu estilo de vida - o centro do espírito de um homem vem de experiências novas! E você está aí, um velho homem sentado em sua bunda!
Uma Lição de Moral
Christopher Mccandless pode ter sido radical por ter ido embora sem falar com ninguém e sem estar comunicável, não se importou com as pessoas que o amavam, talvez tenha sido extremamente egoísta a ponto de levar seu objetivo de forma frenética até o fim, sem se importar com mais nada! Siiiim, é verdade... mas, por outro lado, ele foi verdadeiro com seu coração livre, buscou viver a verdade em que acreditava, com argumentos fortes e persuasivos para as pessoas de todas as classes ao seu redor.
Excluiu de seu ser os valores de uma sociedade hipócrita e condicionada ao dinheiro, reintegrou-se à natureza como todo homem deveria fazer, sendo nós parte deste planeta e deste mundo. Amou os trabalhos mais simples que não lhe deram tantas experiências profissionais mas experiências de vida e amou seus dias mesmo percebendo que a felicidade verdadeira está em compartilhar sua estrada com alguém ou "alguém(s)".
Por fim, a frase mais célebre e linda, quando seu amigo fazendeiro Wayne lhe pergunta "Mas e aí, o que se faz quando você chegar ao Alasca?" Chris lhe dá a simples resposta mas tão rica como um tesouro perdido que todas as pessoas passam a vida a buscar: "O que se faz? Se vive cara!"
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
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